O Processo de Produção de
Celulose e do Papel
Em linha com nossa estratégia de
conduzir nossos negócios de acordo com os mais altos padrões ambientais,
utilizamos técnicas de plantio e colheita que sejam menos agressivas ao meio
ambiente e que proporcionem elevados níveis de eficiência e produtividade. O
processo de produção de papel compreende três etapas: (i) a formação das
florestas e seu corte; (ii) a produção da celulose; e (iii) a produção do
papel.
Plantio e Colheita
A formação de florestas começa no
viveiro, onde usamos as mais modernas técnicas disponíveis de micro-estaquia.
As mudas ali produzidas são variedades de eucalipto que têm maior resistência a
pragas e alta produtividade de celulose e melhor se adaptam ao clima das
respectivas micro-regiões onde serão plantadas. Normalmente, utilizamos um
equipamento chamado harvester, que corta a árvore no pé, descasca e
corta o tronco em toretes. Parte das cascas e folhas permanecem na floresta. Os
toretes são transportados para a beira dos talhões de plantio por equipamentos
específicos (forwards) e dali são transportados em caminhões para a
fábrica.
Produção de Celulose
O Processo kraft de Cozimento
Os toretes recebidos nas fábricas de celulose, onde são, se
necessário, descascados e posteriormente picados em cavacos. Os cavacos são
então transferidos por esteira transportadora aos digestores, onde passam por
um processo de cozimento com adição de sulfato de sódio e soda cáustica. Este
processo de cozimento, designado processo "kraft", minimiza os danos
às fibras da celulose, de forma a preservar sua uniformidade e resistência.
Durante o cozimento, as fibras de celulose são separadas da lignina e resinas,
quando então obtemos celulose não branqueada. Numa fase de pré-branqueamento, a
celulose é então lavada e submetida a um processo de deslignificação por
oxigênio que, combinado com o processo kraft, remove aproximadamente 95% da
lignina. A esta altura do processo, uma
pequena parcela da fibra de celulose produzida é utilizada na produção de
alguns tipos de papelcartão. A lignina e os produtos resultantes do processo
Kraft compõem o chamado "licor negro", que é separado e enviado para
evaporadores para elevar a concentração de sólidos e em seguida para uma
caldeira de recuperação. Neste equipamento, o licor negro é utilizado como
combustível para a produção de vapor e energia elétrica, e recuperamos
aproximadamente 99% das substâncias químicas utilizadas no processo Kraft.
Branqueamento
A próxima etapa do processo de
produção de celulose de eucalipto é o processo de branqueamento químico. Nosso
atual complexo branqueador consiste de uma série de torres de branqueamento de
média densidade através das quais passa a celulose deslignificada. Cada torre
de branqueamento contém uma mistura diferente de agentes branqueadores. A
produção da celulose de eucalipto convencional é feita através de um processo
que utiliza o cloro, dióxido de cloro e soda cáustica, ao passo que o processo
de branqueamento “Elemental Chlorine Free”, ou ECF, não utiliza o cloro
elementar. Ao final desta etapa a celulose branqueada é transferida para torres
de armazenagem ainda em forma líquida. A partir deste ponto, ela pode ser
destinada diretamente para as máquinas de papéis nas fábricas da Bahia e
Fábrica B, em São Paulo, ou em caminhões para a Fábrica C ou, ainda, no caso da
celulose de mercado, para secadoras onde a celulose é então secada, moldada em
folhas e cortada e, em seguida, embalada.
Produção de Papel
Monitoramos a produção por um
sistema computadorizado que controla cada etapa do processo de produção. A
programação e o controle da produção de papel são feitos com estreita
coordenação entre as áreas de produção, vendas e marketing. Desta forma, somos
capazes de planejar, otimizar e customizar a programação de produção, bem como
de antecipar e responder com flexibilidade às variações sazonais e preferências
dos consumidores.
Turnos da
Produção de Papel
Nossa fábrica integrada de papel e celulose na Bahia opera
em três turnos, durante 24 horas por dia, todos os dias do ano, com exceção de
duas paradas para manutenção programada, uma com duração de cinco dias e a
outra com duração de sete a dez dias, geralmente em março e setembro,
respectivamente. Em São Paulo, nossas fábricas operam em três turnos, 24 horas
por dia todos os dias do ano, com exceção de dez dias no mês de maio,
reservados para parada programada de manutenção. Mantemos um estoque de
determinadas peças sobressalentes que consideramos críticas devido à sua função
no processo de produção ou devido a dificuldade de encontrar substitutos.
Também desenvolvemos um relacionamento estreito com nossos fornecedores de
forma a assegurar nosso acesso a peças sobressalentes.
Matérias-Primas
As principais matérias-primas
utilizadas na produção de papel e celulose estão descritas abaixo.
Madeira
Utilizamos três fontes de fibras na produção de nossos
papéis: (i) celulose que nós mesmos produzimos, que responde por
aproximadamente 90% de nosso consumo; (ii) papéis reciclados; e (iii) pastas
mecânicas. Utilizamos o eucalipto para a produção de toda nossa celulose. Em setembro
de 2003, possuíamos 271,7 mil hectares de terras próprias dos quais 166,2 mil
hectares com plantios. Adicionalmente, nosso programa de fomento, com base em
contratos de longo prazo, contava com 38,9 mil hectares de plantios de
terceiros. Veja a seção Veja "Propriedades, Instalações e Equipamentos –
Plantações de Eucalipto". Da nossa demanda atual de madeira,
aproximadamente 80% provém de nossos plantios, e o restante é suprido por
fornecedores dedicados dentro do programa de fomento. Estes fornecedores vendem
sua madeira em grande parte para nós e, para tanto, lhes fornecemos o suporte
técnico e a assistência necessários durante o processo de cultivo e corte. A
madeira respondeu por 11% de nossos custos de produção em 2002.
Diversos fatores contribuem para o nosso diferencial de
competitividade no custo da madeira para a produção de celulose: (i) as
condições climáticas, topográficas e de solo são muito favoráveis nas regiões
onde operamos no Brasil; (ii) utilizamos tecnologias de melhoramento genético e
técnicas de silvicultura e colheita avançadas; (iii) as distâncias médias de
transporte entre os plantios e as fábricas estão entre as menores do mundo;
(iv) baseados na integração entre plantios e fábrica de celulose, utilizamos
programas de seleção de clones que otimizam o desempenho florestal e
industrial; e (v) utilizamos modernas técnicas, tais como plantio em mosaico e
cultivos mínimos que maximizam o potencial de utilização do solo e minimizam
impactos ambientais. A soma destes fatores nos leva a obter: (i) um incremento
volumétrico médio de madeira elevado e crescente por hectare plantado; (ii)
maior concentração de fibras de celulose por tonelada de madeira colhida; (iii)
desenvolvimento sustentável de nossas operações; (iv) baixos custos operacionais;
e (v) ciclos de corte de sete anos, período significativamente inferior aos
ciclos de corte de aproximadamente quinze anos na Espanha, Portugal e Chile, e
de até vinte anos para outras espécies de árvores no Sul dos Estados Unidos.
O papel reciclado e as pastas mecânicas são usados nas
camadas interiores de alguns tipos de papelcartão. O papel reciclado é também a
matéria-prima para a produção do nosso papel Reciclato (o primeiro papel
reciclado para imprimir e escrever não revestido produzido em escala industrial
no Brasil).
Energia
Utilizamos diversas fontes de
energia. A principal delas, produzida no próprio processo de fabricação da
celulose, é resultante da queima do licor negro na caldeira de recuperação. O
vapor produzido nesta queima é empregado na geração de energia elétrica e em
diversos outros usos em nosso processo produtivo. Uma segunda fonte de energia,
também associada ao processo de produção, consiste na queima de resíduos
florestais (cascas e galhos de eucalipto) em uma caldeira auxiliar, onde também
podem ser utilizados gás natural e óleo combustível. Adicionalmente, utilizamos
energia elétrica adquirida de geradoras locais para complementar nossas
necessidades.
Obtemos aproximadamente 67% da necessidade total de energia
elétrica de nossas unidades produtoras de papel e celulose na forma descrita
acima. Os 33% remanescentes são atualmente comprados da Companhia Bandeirante
Energia S.A.. Os preços pagos a esta concessionária são baseados nos padrões de
mercado para usuários industriais e são comparáveis àqueles de outros grandes
produtores de papel. Nossos custos com energia elétrica adquirida responderam
por 3% dos nossos custos de produção em 2002.
Nossa subsidiária Bahia Sul é auto-suficiente em energia
elétrica. Com a participação de 17,9% que temos no complexo hidrelétrico Capim
Branco, a ser construído no Estado de Minas Gerais, que terá potência total
instalada de 450 MW, esperamos nos tornar integralmente auto-suficientes até
2007. Nossos investimentos previstos neste projeto são de R$ 183,2 milhões.
Produtos Químicos
Uma variedade de produtos químicos, incluindo sulfato de
sódio, hidróxido de sódio (soda cáustica), clorato de sódio, cloro e peróxido
de hidrogênio e oxigênio, é utilizada no processo de produção de papel,
sobretudo na etapa da produção da celulose. Na produção de papel de imprimir e
escrever revestido utilizamos diversos aditivos, incluindo, principalmente,
caulim, tintas, carbonato de cálcio, látex, amidos, alvejantes e cola.
Aproximadamente 99% dos produtos químicos utilizados no processo de produção da
celulose são recuperados e reciclados dentro de nossas fábricas de celulose.
Este alto índice de reciclagem reduz nossos custos com produtos químicos. Em
2002, produtos químicos responderam por 25% dos nossos custos de produção. Os
produtos químicos e aditivos utilizados no processo de produção são fornecidos
por um grande número de fornecedores brasileiros e, geralmente, não tem sido
objeto de falta de fornecimento. Os preços dos produtos químicos no Brasil
sofrem flutuação relacionada aos preços internacionais e à taxa de câmbio
vigente. Relações favoráveis entre nós e nossos fornecedores locais têm sido um
fator importante na estabilização dos preços e na regularidade de fornecimento.
Quando necessário, importamos produtos químicos de forma a equilibrar a
volatilidade nos preços locais. Todos os resíduos são tratados de forma a se
adequarem com às práticas e padrões mais atuais da indústria mundial de papel e
celulose. Os produtos químicos utilizados na indústria de papel e celulose são
comumente utilizados em várias outras atividades industriais, e não apresentam
uma condição particularmente perigosa. Não obstante, todas as regras de
segurança relativos a transporte, armazenagem e produção são estritamente
cumpridos por nós. Além disso, mantemos uma apólice de seguro que cobre a
responsabilidade oriunda de acidente no transporte, armazenagem ou produção de
produtos químicos.
Água
A produção de papel e celulose demanda quantidades
substanciais de água. Tratamos a água com
processos que incluem sedimentação e filtragem, entre outros, antes de
utilizá-la no processo industrial. Buscamos reutilizar a maior quantidade
possível de água de forma a reduzir o consumo total. A água que resulta do
processo como efluente é novamente tratada antes de ser devolvida aos locais de
captação. Este tratamento, que inclui a sedimentação para a remoção de sólidos,
o tratamento biológico para a remoção de material orgânico, e uma sedimentação
final para a remoção de sedimentos biológicos, também está de acordo com as
mais avançadas práticas ambientais mundiais da indústria. A água utilizada em
nossas fábricas de papel e celulose é alimentada através de dutos a partir do
Rio Tietê, no Estado de São Paulo, e do Rio Mucuri, no Estado da Bahia. Nosso
consumo de água por tonelada vem sendo reduzido devido à contínua
racionalização de processos. Acreditamos que nossas fontes de água atualmente
atendem de forma adequada nossas necessidades.
Consoante exigido pelas leis
federal e estaduais brasileiras relativas à água, obtivemos todas as licenças
necessárias para o uso da água para fins industriais.
O Governo Brasileiro criou um
comitê responsável pela propositura de nova legislação para a imposição de
tarifas sobre o uso industrial da água. Relativamente ao Rio Tietê, a cobrança
de tarifas relativas ao consumo de água iniciou-se em 2003. A cobrança de
tarifas relativas ao consumo de água para os demais rios que utilizamos,
incluindo o Rio Mucuri, deve começar dentro dos próximos dois anos.
Localização
das Instalações
Produzimos papel e celulose em
instalações operacionais modernas, que compreendem: (i) uma fábrica integrada
de produção de papel e celulose, com 4 máquinas de papel e uma máquina
pintadora (“coater”), a Fábrica B, e uma fábrica não integrada de produção de
papel, com 2 máquinas, a Fábrica C, localizadas no Estado de São Paulo, e (ii)
uma fábrica integrada de papel e celulose no Estado da Bahia, a Fábrica da
Bahia, que é operada por nossa subsidiária, Bahia Sul. Em 31 de dezembro de 2002, estas fábricas
totalizavam uma capacidade de produção de celulose de 1,0 milhão de toneladas
por ano e uma capacidade de produção de papel de 775 mil toneladas por
ano. Nossa produção de celulose de
eucalipto supre todas as nossas necessidades de celulose e nossa fábrica na
Bahia é totalmente auto-suficiente em energia.
Entendemos que todas as nossas instalações de produção atendem ou
superam todos os padrões ambientais locais e internacionais aplicáveis ao tipo
de instalações que mantemos.
A tabela a seguir descreve as
máquinas das nossas fábricas de papel e celulose, indica as capacidades
nominais de produção, por linha e/ou máquina de cada fábrica, bem como os
produtos produzidos em cada máquina. Tal tabela inclui a capacidade de produção
utilizada também como insumo intermediário da produção.
Máquina / Local
|
Capacidade de Produção
(mil t/ano)
|
Principais Produtos
|
|
|
|
Fábrica
B – São Paulo
|
|
|
Planta
celulose
|
420
|
Celulose
|
Máquina
B5/ MP2
|
90
|
Papel
I&E revestido
|
Máquina
B6
|
190
|
Papelcartão
|
Máquina
B7
|
110
|
Papel
I&E não revestido
|
Máquina
B8
|
110
|
Papel
I&E não revestido
|
|
|
|
Fábrica
C – São Paulo
|
|
|
Máquina
C1
|
30
|
Papel
I&E revestido e não revestido
|
Máquina
C2
|
20
|
Papel
I&E não revestido, cartolinas e Reciclato
|
|
|
|
Fábrica
Bahia Sul – Bahia
|
|
|
Planta
celulose
|
585
|
Celulose
|
Máquina
BS1
|
225
|
Papel
I&E não revestido
|